
Muitas coisas da nossa infância passam por nossa vida, lembranças pitorescas, amores de todas as ordens, desafetos e decepções que fecham um quadro marcante o qual recordamos toda vez que nos defrontamos com sentimentos interiorizados.
Estas vivências passadas podem ser novamente acessadas ao nos depararmos com objetos, lugares e situações boas ou ruins que nos remetam àquela lembrança depositada em nosso subconsciente.
Esta manhã este feito aconteceu comigo. Ao abrir uma revista com encarte de anúncios da moda primavera verão do ano passado, vi em uma das páginas lençóis estampados pendurados em um varal. O cenário me levou imediatamente a minha infância e em questão de segundos pude sentir uma ma-ra-vi-lho-sa sensação de bem estar.
Imediatamente me vi em meio aos lençóis, no quintal da minha casa. Em meus doces momentos de infância, dos 6 aos 8 anos quando a diarista vinha em casa e enchia os varais de lençóis coloridos. Os brancos, lembro-me bem, eram fervidos em um enorme tacho e algumas peças ainda passavam por um processo de “quarar” ao sol, esticadinhas em uma tábua de madeira clarinha como nuvem de algodão, uma peça de roupa ao lado da outra eram deixadas ali, até ficarem bem branquinhas...que saudade deste cenário encantador.
Na verdade este momento era apenas parte de todo o contexto daquela tarde de sol intenso passando em minha mente. Para mim e meu irmão, aquele cenário era tudo o que precisávamos pra sermos felizes naquela época!
A segurança do balanço feito de corda e uma tábua de madeira à sombra do enorme abacateiro que ficava bem ao lado dos pés de bambu que nasciam aos montes decorrente da compostagem orgânica natural devido à umidade das folhas caídas do pé de abacate .
Eu particularmente amava o pé gigantesco de uma majestosa paineira, que nas floradas da primavera nos alegrava com flores rosa maravilha e que logo em seguida soltavam pendões como se fosse uma enorme pinha que se abriam já madura e saia de dentro delas painas (algodões) que forravam todo o quintal de branco.
Já na frente da casa uma pequena horta com direito a um pé de erva doce, salsinha, cebolinha e o que mais minha mãe plantasse...
Os lençóis também me trouxeram a lembrança do leiteiro (seu Gumercindo), que a cada dois dias trazia leite fresco em litros de vidros que contrastavam com a cor do leite branquinho.
Depois a senhora de cor (nossa querida Dona Maria) que vez em quando nos agraciava com seus doces deliciosos, cocada branca, mesclada e preta, paçoca e pés de moleque. Interessante era como ela conseguia equilibrar aquela panela enorme de alumínio reluzente envolvido em um pano branquíssimo no alto da sua cabeça. Nunca mais senti em nenhum lugar aquele aroma, como o que vinha daquela panela repleta de guloseimas.
Viu como com apenas uma cena, em uma revista de modas me remeteu a uma gama de lembranças guardadas em meu coração de criança?! Assim somos feitos todos nós, de boas lembranças!
A próxima vez que uma cena ou situação lhe trouxer uma sensação semelhante a da vivenciada na sua infância, aproveite ao máximo! Sinta e sorva cada minuto que lhe for concedido e delicie-se novamente com o seu cenário intimo.
Garanto a você que esta viagem fortalecerá seu coração e agraciará sua alma!
Tenha dias inspiradores e de muita paz em seu coração!
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