Bem vindo ao meu mundo de idéias!

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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Direitos sim, mas com responsabilidade.


Este tema fervilha em minha mente após vivenciar o dia do feriado, 7 de setembro. Estava me convalescendo ainda de uma cirurgia há poucos dias, quando pela manhã ouvi do alto do meu apartamento o som da fanfarra que tocava ao longe.
  Confesso que na hora fui tomada de curiosidade e logo me dirigi à janela do apartamento onde avistei os integrantes do tiro de guerra passando debaixo da minha sacada, logo após terem desfilado na avenida.
   Lindo de ver... Jovens patriotas, enfileirados, bravamente entoando gritos de ordem sincronizados. Cena esta que me fez lembrar a minha infância ao som do desfile da minha cidade, onde a ordem era “ORDEM”. Nós crianças de 7 e 8 anos marchávamos tendo em mente a prática do civismo, da organização e principalmente do respeito,  matéria do ensino fundamental, educação moral e cívica a nossa conhecida EMC.
  Todos nós sabíamos os hinos, desde a letra até o significado de cada frase e refrão. Tínhamos um contato direto com os símbolos que representavam a nossa pátria. Eu era estudante de escola pública e na época cantávamos semanalmente os hinos e assistíamos o hasteamento das bandeiras, nacional, estadual e municipal sempre que a solenidade fosse solicitada.
   O nome do meu colégio era Marechal Cândido Rondon, ao cantarmos o hino da pátria experimentávamos algo mágico, uma mistura de orgulho e sentimento de segurança e poder. Penso que este sentimento era fruto do rigor na educação que tínhamos do significado da palavra “respeito” que nos era ensinado pelos nossos pais e professores.
  Sou da época que professor era palavra de ordem dentro e fora da sala de aula, onde os pais apoiavam a hierarquia dentro do ensino oferecido nas escolas. Nunca se ouvia falar em desrespeito aos professores, algazarra, violência ou mortes no ambiente estudantil e isso nos dava segurança.
  Nunca a violência nas escolas foi tema de chamada de telejornal. Sabe por quê? Porque tínhamos parâmetros que nos norteavam, leis e normas que eram ensinados e seguidos por todos e acredite, sinto saudades!
  Hoje se fala muito em direitos; na minha infância, primeiro aprendíamos os nossos deveres, depois nossos direitos, e a matemática era simples, primeiro você conquista, ganha, depois usa seus créditos, tendo assim o direito de opinar, reclamar, solicitar, mas tudo dentro de uma “ordem”.
  Observo nossas crianças e jovens reivindicando muitas vezes algo que nem sabem ao certo o que estão querendo e com isso perdem a força de seus propósitos. Apesar das famosas “redes sociais” estarem em alta, nunca se viu tanta exclusão social, divergências de opiniões, violência e insegurança que geram desacatos às autoridades, desde os pais, se estendendo as escolas e quem é que segura esta nova geração? Onde estão os deveres? O respeito? No que estão alicerçados nossos direitos e deveres?
  Estamos aprisionados nas armadilhas da tecnologia, da chamada globalização e do encurtamento de distâncias, todas estas são beneficiárias, todos concordamos, mas com estes ganhos futurísticos veio junto à comodidade dos pais e o distanciamento dos filhos.
  Sim, fazemos parte desta “causa e efeito”, e pior ainda é vivemos dias onde apenas “direitos” prevalecem e “deveres” são tratados como peças velhas de um museu abandonado.
  Somos prisioneiros em nossas próprias casas, a violência desenfreada decorrente das drogas e da violência perambula nossas ruas, escolas, clubes e estádios de futebol e hoje nos damos conta que todos estes lugares fazem parte do dia a dia dos nossos filhos que estão expostos a toda essa desordem social.
   Muitos de nós pensamos, onde foi que eu errei? A resposta é que todos nós erramos! O sistema de conduzir a educação familiar está errado, gritamos por anos querendo liberdade e direitos de expressão, afirmávamos nos sentir presos, tolhidos em nossos direitos e agora brigamos por quê? Almejamos o quê?
  Nos dias atuais ironicamente assistimos o evoluir de uma nova geração que não quer compromissos, muito menos assumir responsabilidades. Eles querem o último lançamento do celular de marca famosa, a roupa que está nas prateleiras dos grandes shoppings, o notebook de tecnologia de ponta que daqui uns dias certamente será considerado um equipamento defasado.
  Nessa nova geração não é aceitável ter decepções, ser contrariado, prioriza-se a realização individual, defende-se a felicidade individual a qualquer custo, mesmo sem saber o que venha a ser a verdadeira felicidade. Nunca se vendeu tantos livros que prometem ensinar como encontrá-la e vivê-la intensamente!
  Vivenciamos todos os dias um mundo repleto de pessoas infelizes, depressivas, deprimidas e angustiadas. A bússola do tempo parece ter enlouquecido.  Muitas vezes nos sentimos sozinhos em meio a um mar de gente, inseguros com o correr do tempo e tendo que nos mostrar cada dia melhor e melhor para o mundo que nos cerca.
  Parece que foi ontem que nosso dia-a-dia se resumia em   nossos vizinhos e amigos, hoje em dia quando dizemos que nos sentimos pressionados como se o mundo estivesse em  nossos ombros, podemos senti-lo literalmente, pois vivenciamos todos os dias por meio de notícias a realidade de todo o planeta.
  Exercitamos diariamente uma excitação que gera muitas vezes medo e insegurança sobre o amanhã que nos aguarda.
  São terremotos, tsunamis, placas tectônicas, terrorismo, pessoas loucas que adentram escolas e fuzilam nossos jovens e crianças. Pais que matam filhos e filhos que matam pais.
  Ao ver as notícias na internet e na televisão temos a impressão de estarmos vivenciando um parágrafo apocalíptico. Como reverter esta situação? Quem sabe retomarmos alguns valores não tão antigos!? E por onde começar? Deixo aqui um pensamento para que possamos refletir.
“Em se tratando de cidadania e sociedade, enquanto o civil for mais importante que o social, ou enquanto o indivíduo for mais importante que o coletivo, estaremos eternamente fadados à exploração do homem pelo homem, à inferioridade e à decadência intelectual e material – o que pode nos debilitar ciclicamente e nos tornar adeptos da indiferença ou da crença em dias melhores post mortem.”
                                                                                                                   David Saleeby